O parto é um momento muito importante na vida da gestante e de seus familiares é uma passagem, quando nasce um bebê; dizem que nasce uma mãe, mas a verdade é que morre uma mulher sem filhos para nascer uma mulher com filhos e ela vai vivenciar essa passagem e também esse luto.
Começa ai uma nova jornada, onde tudo é novo e desafiador.
Então, seja bem-vinda ao puerpério.
Com a descoberta da gravidez muitas mulheres são acompanhadas constantemente por duas palavras; que se escritas ou pensadas separadamente não apresentam ameaça nenhuma, mas se colocadas juntas têm uma força capaz de assombrar: “e se”.
Engana-se quem pensa que essas palavras desaparecem ao logo da jornada da maternidade; pelo contrário para muitas mães elas se intensificam.
Durante a gravidez todos os olhares estão voltados para a futura mamãe, ela recebe cuidados, paparico, atenção. A partir do momento que o bebê nasce, todos os olhares se voltam para ele.
E tudo muda
Embora seja mágico ter seu filho nos braços; a chegada de um bebê modifica a rotina da família e aquela mulher, que agora mais do que nunca precisa de apoio; muitas vezes é esquecida, fica em segundo plano e o “e se” volta então a assombrar:
“e se eu não souber o que fazer”, “e se eu não for uma boa mãe”, “e se”…
Quem já vivenciou o puerpério ou está vivenciando sabe que não é fácil, são tantos sentimentos envolvidos. Durante o dia é choro, ou/e medo, sente alegria.
O dia parece ter 42 horas e não 24.
O puerpério é um processo de desconstrução e reconstrução da identidade da mulher; uma linha tênue entre a força e a fragilidade. É um período caracterizado por mudanças corporais, emocionais, hormonais e na rotina da mulher e da família.
E com todas essas mudanças a mulher ainda vive o luto da mulher que era, para então poder vivenciar a mulher que está aprendendo a ser.
Nesse momento como diria o Psicólogo Alexandre Coimbra Amaral: “somos todos recém-nascidos”.
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Somos recém-nascidos diante desse novo mundo que se apresenta, repleto de limites, frustrações e também possibilidades.
O puerpério exige de nós um olhar de empatia, apoio, acolhimento e ressignificação.
Você já conversou com uma amiga sobre este assunto?
Muitas vezes o que ela mais deseja ouvir nesse momento é: “como você está se sentindo?”.
Temos que cuidar da mãe para que ela cuide do bebê, pois existem tantos aspectos psicológicos presentes nessa etapa – a psicoterapia pode ser uma ferramenta importante nesse processo de ressignificação, pois fornece um ambiente seguro que permite através da fala uma compreensão e elaboração dos sentimentos envolvidos nesse momento.
É necessário tempo para essa reorganização aconteça.
A vida é feita de ciclos e esse é mais um deles, então, seja gentil com você mãe, não deixe que o “e se” invada sua vida e seja maior do que realmente ele é.
E para você que está ao lado de uma recém-mãe seja ouvidos que acolhe, mãos estendidas para suas necessidades, colo acolhedor.
Acredite todo choro merece ser acolhido e toda mãe precisa de colo. Seja bem-vinda a esse novo mundo, seja bem-vinda ao puerpério.
Lorena Bassi Capucho. Psicóloga Clínica. Pós Graduada em: Psicologia Hospitalar, Psicanálise e os Desafios da Contemporaneidade, Gestão em Saúde, Psicologia Infantil, Neuropsicologia e Terapia Familiar. CRP16/2873
Aula da primeira turma do curso “Dance mãe e bebê”, da segunda turma de “Psicologia do Puerpério”, da primeira turma “Teoria do apego” e agora do “Puerpério e a Mãe Possível”.
Imagem: Elliana Allon, fotógrafa @elliana_allon