A relação de amamentação é pautada, em nossa sociedade, por discursos essencialmente duplo vinculares.
Na Psicologia Sistêmica o conceito de DUPLO VÍNCULO (Bateson, 1956) nos ajuda a compreender dinâmicas paradoxais da comunicação humana. O duplo vínculo acontece, muito resumidamente, quando uma pessoa recebe de seu(s) interlocutor(es), ao mesmo tempo, mensagens contraditórias entre si, de tal forma que ele se vê em um impasse, impossibilitado de responder de forma satisfatória. Esse processo, quando acontece repetidamente, é capaz de gerar um nível profundo de confusão mental e emocional ou até mesmo comprometer a saúde psíquica, nos casos mais graves, dentro das relações familiares em que o duplo vínculo acontece entre mãe, pai e filho(a).
Mas aqui eu estou trazendo essa teoria da terapia de família para as relações sociais e para a comunicação que acontece entre rede social, cultura e indivíduo, nesse caso, a mãe que amamenta.
A mulher que se torna mãe em nossa cultura se vê diante de um mundo que diz a ela que a maternidade e a amamentação são uma série de coisas, geralmente inconciliáveis.
Se formos revisitar o que se escuta sobre amamentar e ser mãe nos contextos mais diversos, podemos reconhecer infinitas situações em que a mulher se vê diante de mensagens contraditórias capazes de gerar desamparo, solidão e sensação de inadequação e culpa materna…
Amamentar é um ato de amor. [Mas bebês que mamam podem ficar muito dependentes. Dormir com o bebê e deixar no colo podem estragar seu filho]
O leite materno é o melhor alimento para o bebê [Mas veja como as fórmulas novas são uma tecnologia maravilhosa! se está desafiador, deixa pra lá, o aleitamento artificial nem faz diferença de fato, só mesmo pras classes mais vulneráveis…]
Amamentar é natural! [Mas se você quiser amamentar e estiver entre a maioria das mulheres que têm questões difíceis, especialmente no estabelecimento da amamentação, dificilmente encontrará orientação profissional adequada, a não ser que busque em contextos específicos de profissionais que apoiam o aleitamento]
Em uma fase de tanta vulnerabilidade
Não, obrigada. Não somos obrigadas.
por Daniela Leal , psicóloga, terapeuta de Casais, coordenadora de grupos terapêuticos relacionados à maternidade, especialista do Instituto Aripe e está nos Cursos Jornada Terapêutica para Casais e Psicologia do Puerpério.
O curso online “Psicologia do Puerpério” é para quem tem vontade de conhecer com profundidade, a psicologia perinatal, o processo emocional da mulher, do bebê, da díade formada entre a mãe e o seu filho, da família e das pessoas em torno da grande novidade que é o nascimento de um bebê.
Para profissionais que já trabalham com gestantes, parturientes e puérperas, estudantes das áreas de saúde, educação e ciências humanas, como formação complementar, já que é um tema quase nunca exposto nos cursos de graduação como conteúdo básico.
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