Eu mudei, tenho outras formas de ver a vida, é o prenúncio de uma crise de casal?

Acontece que mudamos.

E essa mudança às vezes é insidiosa, no silêncio do cotidiano, sem fazer alarde. Aos poucos. E, de repente, nos vemos no espelho e encontramos outra pessoa, outros pensamentos e sentimentos sobre as coisas. O que fazia sentido deixa de fazer, e o que estava no décimo lugar das prioridades passa para o pódio das preocupações.

Ninguém é culpado disso, os caminhos das experiências vão talhando outra pessoa em nós. A vida tem mesmo sua carpintaria, às vezes selvagem apesar de silenciosa. Dói perceber que mudamos; porque esta mudança compreende um desencaixe em algumas relações. Pessoas com quem a afinidade acontecia claramente, agora são pessoas que me dá menos vontade de encontrar. Os papos, que eram eternos, passam a ter silêncios constrangedores. As divergências aumentam. Os choques inéditos entre visões de mundo parecem se multiplicar como Gremlins.

Todo mundo já viveu isso. Muito comum quando reencontramos pessoas da família ou amigos antigos com quem nos dávamos às maravilhas. O tempo passa, e a coisa não flui como com aquele outro tipo de pessoa com quem a vida parece transcorrer sem sobressaltos. Nós queremos que o casamento aconteça sempre assim, com os dois se encaixando à perfeição. Mas é claro que a realidade nos aperta o coração com o contrário.

De repente, você não consegue mais se relacionar com ele ou com ela do mesmo jeito.

Há coisas que ele diz, que te irritam e te entristecem. Há uma perda daquilo que antes você chamou de magia. Isto é uma espécie de prenúncio de uma crise? Sim. Estes pequenos desencontros nos diálogos mais banais mostram que esta mudança está acontecendo não nele, mas em você. O que te irrita ou entristece nele é o espelho de tudo o que você jã não é, e de tudo o que você começa a ser. É hora de silenciar-se, para entender o que está acontecendo.

Em primeiro lugar, a mudança pode ser muito frutífera. O medo de desencaixar de vez é recorrente, humano e compreensível. E é com ele, ao lado deste medo, que podemos viver o encontro com tanta novidade em nós. Para começar, tenha alguma nitidez do que está acontecendo com você. Não precisa ser agora, se dê tempo. E quando for a hora, converse. Vai ser uma conversa difícil, porque vocês colocarão em palavras a falta de interseção que está evidente. A palavra é uma concretude que se sente sem ressalvas, não dá para fugir do impacto do que se diz ou do que se escuta.

Como falar disso, então?

Transformando o diálogo que aparentemente seria apenas um memorando, que informa e dá uma notícia, em uma conversa curiosa. Entre em contato com tudo o que você sente, com a estranheza de se perceber tão diferente do que já foi. Pense que ele ou ela também pode se sentir assim, ou já ter vivido este momento ao seu lado. Em relações longevas, a vivemos isso zilhões de vezes, porque os dois vivem essa metamorfose ambulante, cada um no seu quadrado. Conversar curiosamente sobre este tema é contar o que acontece com você, e também querer escutar as histórias do outro sobre as suas mudanças de perspectiva. Se precisarem chorar juntos, chorem!

O choro é, naquele momento, a conexão possível. Quando a visão de mundo parece caminhar para lados tão diferentes, a tristeza é uma forma de encontro.

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por Alexandre Coimbra Amaral, psicólogo, Mestre em Psicologia pela PUC do Chile Terapeuta de Casais, Famílias, Grupos e Comunidades.

A jornada terapêutica “Reconstruindo nosso Casamento” foi desenhada pelo Psicólogo e Best Seller Alexandre Coimbra Amaral para aqueles que estão em sofrimento por sucessivas crises no relacionamento conjugal e que buscam caminhos de reencontro.

A jornada está aberta para quem deseja participar como casal ou individualmente.

A participação não substitui a psicoterapia ou análise para casais, mas é um importante complemento no processo de lidar com a crise no relacionamento.

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