Novembro é o mês que a temática racial ganha o centro do palco. Na empresa, na escola, no Instagram, na rua, na chuva ou na fazenda, durante 30 dias vemos esse tema. E isso é ótimo!
Mas como diria Emicida:
“botamos a rua no pódio, e não esta nos nossos planos tirar ela de lá no próximo episódio”.
Assim como não estava nos planos de Zumbi, o homenageado no dia 20/11, que a luta por libertação do povo negro ficasse restrita ao Quilombo dos Palmares – é por isso que ele morre, inclusive. Zumbi não aceita o acordo de que somente os moradores de Palmares seriam livres e é morto num combate.
Então, pra que novembro não se transforme no único mês do ano em que lembramos que o racismo existe, é necessário que a gente se mantenha comprometido com o antirracismo. Como já diria Angela Davis, não basta reconhecer o racismo, a gente tem que ser antirracista. Ou seja, a gente não quer só novembro, a gente quer janeiro, fevereiro, março, abril…
Precisamos do ano todo de ações reais – que extrapolem as redes virtuais e se presentifiquem no aqui agora, em cada lugar por onde passarmos.
Quando eu me movimento em novembro, e conduzo conversas sobre protagonismo negro e antirracismo, o que eu estou desejando colher é movimento. Planto provocações, contamino solos embranquecidos, sonhando com a colheita de compromisso ético antirracista.
Só que esses frutos-compromisso precisam ser semeados e colhidos ao mesmo tempo. Devem encontrar terreno fértil, devem ser cuidados diariamente, pra que quando forem colhidos estejam firmes, consistentes, e possam seguir brotando o ano todo, até o dia em que veremos esse futuro semeado crescendo firme, frondoso, posto em ato, regado por todos nós.
Como diria Audre Lorde, poeta e feminista já falecida:
“Nasci negra e mulher. Estou tentando me tornar a pessoa mais forte possível para usufruir a vida que foi dada e ajudar a desencadear as mudanças em direção a um futuro aceitável para o planeta e para minhas crianças – e para as suas também. Um futuro em que estejamos livre de opressões e que possamos, enfim, sermos quem somos.”
E o que um futuro sem racismo pede de nós é compromisso! Bora?
por Fê Lopes, psicóloga, psicanalista com formação em Psicanálise com Crianças, aprimoramento em Psicologia aplicada à nutrição e pós graduação em Psicanálise da Parentalidade e Perinatalidade. Atua em consultório particular em análise de adultos e crianças. Fê Lopes é colaboradora dos Cursos do Instituto Aripe: Introdução ao Letramento Racial e Psicologia do Puerpério.
O curso Introdução ao Letramento Racial, é ministrado por Fe Lopes, psicóloga com formação em Psicologia e Relações Étnico Raciais e Emiliano David, psicólogo atuante em saúde mental e saúde da população negra, na esfera pública e privada.
Saiba mais sobre o Curso de Introdução ao Letramento do Instituto Aripe!
As aulas são interativas. Isto compõe uma metodologia de aula que vai muito além da mera exposição dos conteúdos. Os participantes são co-autores das aulas, porque suas interações compõem o fluxo da narrativa dos docentes, através de perguntas e comentários que são lidos e comentados a todo momento.