Nesse primeiro dia do resto de nossas vidas

Daniela Leal-psicóloga-teoria-do-apego-psicologia

Como indivíduos, famílias ou comunidade planetária, fomos convocados a reinvenções profundas das respostas que portávamos até aqui.

Nomear o inominável.

Traduzir o caos, as incertezas, os fluxos emocionais diante de uma realidade atordoante, foram algumas das tarefas de uma comunicação tentativa, que ousou ter esperança nas palavras como porta-vozes de abraços impossíveis com essas distâncias arbitrárias, de esperanças-fôlego enquanto a onda passa… a ruína das ilusões de controle desponta como um chamado para a necessidade de nos assumirmos vulneráveis, enredados na teia invisível que nos conecta uns aos outros e ao planeta, sem fronteiras.

Diante de um mundo em febre, estamos aprofundando nosso adoecimento. Para além de nos vermos sobrecarregados e confusos, à mercê de uma liderança despreparada, perversa e construtora de cenários genocidas, de caos e absurda tensão social, política e econômica; Para além disso: a queda de tantas das ilusões onipotentes da humanidade, a falência de nossa cultura individualista, hedonista e controladora.

Desse caldo de sofrimento, da ruína dos planejamentos, das impotências múltiplas, no micro e no macro cosmos, um convite precioso da vida:
Que não nos rendamos a essa narrativa que também não nos traduz, a uma impotência que também nos ilude. Que possamos começar esse novo ciclo quebrando aprisionamentos da mente, investigando, reconhecendo e nutrindo nossos lugares de potência.

Desapegando-nos de quem achávamos que éramos ou deveríamos ser, do mapa que nos guiou os passos um dia, podemos nos render a novos cursos das águas.

Reencontramos nossa potência quando nos conectamos ao nosso lugar aqui e agora.

Com quem e com o quê está em nosso raio de ação, vidas que podemos tocar, cuidar e transformar a partir de onde estamos e do que temos a oferecer hoje, com os papéis e nos contextos em que fazemos diferença.

Que nossa energia seja combustível disponível para as lutas e amores que nos cabem, que nos importam; que possamos nos permitir, sempre que preciso, desligar os botõezinhos que notificam o tsunami de sofrimento lá e então, que nos lança em impotências paralisantes.

Temos tanto a fazer. Não vamos sucumbir.

É preciso alimentar nossas forças com aquilo que está disponível. Abrir os olhos do coração para identificar o que nos nutre e nos cuida. Lembrar de pedir colo à natureza que segue abundante e generosa. Dar colo também, a quem nos cerca.
Dançar, cantar, amar, deixar o ar criar espaço em nós, fazer da alegria nossa resistência!
Vamos juntos, o caminho é longo, o ano novo está se anunciando e precisamos cuidar uns dos outros.

por Daniela Leal , psicóloga, terapeuta de Casais; coordenadora de grupos terapêuticos relacionados à maternidade, especialista do Instituto Aripe e está nos Cursos Jornada Terapêutica para Casais e Psicologia do Puerpério.

O Instituto ARIPE é uma plataforma de cursos online de aperfeiçoamento e aprofundamento profissional de psicologia, cursos complementares e educação continuada a distância para psicólogas (EAD), psicanalistas, terapeutas individuais, psicoterapeutas, psicopedagogas e interessados pelos assuntos.

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