Eu tenho contado para você, tudo o que um terapeuta de casais pode fazer no encontro com essas duas pessoas que trazem uma crise do seu relacionamento para ser debatida na clínica.
Mas você já se perguntou o que um terapeuta de casais não pode fazer?
O terapeuta de casais pode cair em muitas armadilhas a mais comum dessas armadilhas, é atuar como um juiz, que é a grande projeção que os casais fazem sobre a gente. Nós não somos juízes, nós não estamos ali para definir qual das duas narrativas sobre a crise é a mais legítima.
O nosso papel não é dizer o veredito de quem está certo e de quem está errado. O nosso papel é tirar o casal dessa narrativa linear, causa e efeito, você é um problema, logo eu sofro. Nós temos que ajudar esses dois a saírem dessa casinha, dessa armadilha.
Como é que a gente faz isso?
Nós vamos fazer uma redefinição do problema, porque se eles vêem o problema como uma linha, onde as desvirtudes de um, são a causa de um problema no casamento, vamos colocar isso em um círculo. Transformaremos todas as cenas do casal; e todas as formas de se perceber em conjugalidade como parte de um circuito que é ao mesmo tempo causa e efeito. Convidaremos essas duas pessoas a se alinharem a terapia e se aliarem ao processo, como co-construtores da redefinição do problema. Não sou só eu o terapeuta de casais, que vou fazer essa estratégia de redefinir o problema, eles vão ser meus parceiros da conversação.
Trabalho de co-construção com o casal
Para que juntos possamos fazer isso, eles vão crescer com a ampliação da consciência sobre quem eles são no relacionamento, o que é esse relacionamento, o que ele tem sido, porque ele se transformou nisso e o que ele pode vir a ser. O papel do terapeuta de casais portanto, não é entregar essa definição para eles, é fazer com eles.
O terapeuta de casais tem que evitar portanto, ser muito “intelectualizador” na sua fala, porque o casal está falando de dilemas muito profundos, muito crônicos, muito dolorosos e às vezes estão trazendo a última fagulha de esperança. O terapeuta de casais não pode ser aquele terapeuta que vai filosofar muito sobre aquela experiência. Ele tem que tomar essa cena como um convite para que ele entre sim, com aspectos teóricos, com as sensações que aquele casal lhe provoca; ofertando um tom mais pragmático que convide esse casal para novas formas de interagir, de conversar, de passar o dia juntos, de passar um fim de semana juntos, de educar os filhos.
O convite
O nosso convite, não é um convite para que estes dois comecem a fazer uma grande reflexão sobre o que é aquela relação.
O terapeuta de casais, não é uma pessoa imparcial, a gente não acredita em neutralidade científica, mas ele também não pode ser cem por cento aliado a uma das narrativas, se o terapeuta comprar uma das narrativas como sendo a verdade, ele já saiu de jogo, ele não pode estar nesse lugar.
O papel dele é ser um dançarino, que cada hora pega um para dançar e pega também a relação para dançar. Você vai passar por todas as falas e vai dar ouvidos, curiosidade, atenção, reconhecimento a todas as formas que aparecerem de definir o que é o problema ou o que são as possibilidades e os recursos de saída daquele impasse.
Então, um terapeuta não pode escolher uma versão, ele pode sim escutar ambos e usar isso como parte da sua reflexão e do apoio que ele vai dar para reconstruir essa relação.
Abordaremos nos próximos dias mais assuntos sobre terapia de casal.
Continue aqui com a gente nessa séries de vídeos e até mais!
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