“O Começo da Vida” é destas músicas que fazem suspirar o melhor que existe em nós. É muito mais que um documentário sobre desenvolvimento infantil. É um convite transcultural para que assumamos a presença. Que subvertamos a lógica da pressa e da ausência contemporâneas, para sermos transgressores que teimam em estar presentes com os bebês, com as crianças.
Há muito tempo fomos ensinados a nos ausentarmos de nós mesmos, ao negarmos aquilo que é necessário aos nossos filhos. Nesta cultura em que todos “sobrevivem” apesar das violências sutis ou explícitas, pode doer assistir a cenas de entrega, amor real e construído com concessões a um sistema que nos aparta do espetáculo que podemos viver se abrirmos um parêntese para nossas almas em reparação. Nossos filhos são os mestres desta oportunidade de reaprender a viver.
“O Começo da Vida” é sobre isso. Porque é outro começo de nós, se assim nos lançarmos a este abismo assustadoramente amoroso. Vá lá, para aquela sala escura de cinema perto de você, aproveitar as cenas de amor para deixar brotar em você este sentimento por seus filhos, sobrinhos, crianças amigas. E por você mesmo.
Sempre é hora de renascer para a beleza de um bebê. O mundo anda precisando disso.