E na terapia de casal?
Tem duas pessoas ali, diante da nós, como é que conduzimos o início dessa conversa?
O processo de terapia de casal, pode começar de várias maneiras, mas em todas elas o terapeuta é o orquestrador do diálogo. É o que chamamos de o arquiteto do diálogo. Ele vai preparar a ambiência dessa conversa; porque normalmente esse casal chega imerso em conflito; então eles estão muito transbordados nas suas emoções, e ainda não tem intimidade com esse terapeuta para falar explicitamente desse conflito. Muitas vezes pelo menos uma das pessoas do casal, nunca esteve diante de um psicólogo.
A primeira sessão
Então a primeira sessão é uma sessão que começa com uma ambientação desse diálogo. Você se apresenta; conta da sua prática, como você costuma trabalhar e você convida as pessoas a contarem de si, antes de contarem do problema. Eu costumo dizer assim, para as pessoas:
“Eu gosto de conhecer primeiro as pessoas, para conhecer depois os problemas, porque eu vou conversar é com as pessoas! Então como cada um de vocês quiser se apresentar, pode ficar à vontade”.
Eu, Alexandre, gosto de perguntar sobre as histórias de família, coisas simples de 2 minutos cada um, me contar se a família é dessa cidade ou não; se eles são imigrantes; se tem alguma característica especial da família que tenha a ver com religiosidade; com origens históricas, com separações conjugais que aconteceram com filhos; se é um casal que se recompôs depois de uma separação e que está trazendo filhos de outro casamento.
Uma primeira cartografia daqueles humanos
Eu gosto muito de saber das histórias daquelas pessoas minimamente; como uma primeira cartografia daqueles humanos que estão diante de mim.
Depois eu peço em muitas situações para um apresentar o outro, essa é uma forma da gente ver logo na primeira sessão, como as pessoas estão conseguindo conversar umas com as outras; do ponto de vista do reconhecimento de quem elas são. Se a relação estiver muito desgastada; pode ser um exercício dificílimo: o que eu possa falar do meu parceiro amoroso de uma forma que não seja muito irada? A pessoa pode escolher por exemplo, falar para um terapeuta só o que de pior essa pessoa está trazendo para o cotidiano.
E aí, depois que cada um se apresentar; eu peço para eles comentarem a apresentação que viveram.
Isso já é um grande material clínico, já são elementos que fornecem circularidade, que é a possibilidade de um comentar a fala do outro, que é a alma do processo: dialógico de uma terapia de casal.
Então era isso, em breve aqui neste canal serão abordados vários temas em relação a terapia de casal, a construção desse espaço terapêutico e a condução desse diálogo.
Eu espero você comigo em todos esses vídeos. Até lá!
por Alexandre Coimbra Amaral, Psicólogo, Mestre em Psicologia pela PUC do Chile Terapeuta de Casais, Famílias, Grupos e Comunidades.
Psicólogo do Programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da Rede Globo. Colunista da Revista Crescer (Editora Globo) e do Portal Lunetas (www.lunetas.com.br).