Os filhos nos veem, desde sempre.

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É curioso escutar quantas ideias e emoções nascem da crença de que seria possível ou desejável esconder partes de nós de nossos filhos.


“Não pode essa tristeza toda perto do seu bebê, você vai fazer mal a ele”.

diz ciclano

“Não pode deixar seus filhos perceberem que você está (complete a frase)”

diz fulano

Não pode tanta coisa que não se deveria ser, para ser a mãe que um filho merece ter. Tanta culpa, tanta desconexão e tantas idealizações nascem dessas expectativas que nos desumanizam.


Nesses últimos tempos, que intensificaram a convivência de forma inédita para muitas famílias, tornou-se um tema para sessões de terapia a falta de espaço para esconder o que não dá mais pra evitar: nós mesmos. Por inteiro. Em relação, com nossas luzes e sombras em evidência sobre as pessoas que mais amamos.


Só que isso não se chama tragédia, se chama intimidade. Se chama humanidade.
E sabem do que mais?


Os filhos nos veem, desde sempre. Os olhos de nossos filhos atravessam as várias camadas de nossas incoerências aprendendo a integrar aquilo que sentem, quando acessam nossas verdades profundas, com tudo o mais que escutam enquanto se abafa esse som primordial, com vernizes de “dever ser”.


Eles nos vêem para além do que pensamos ou mostramos ser, e se agarram ao que encontram, porque o que é de verdade em nós lhes chega como respiro e abraço profundo.


Quando buscamos o fio que nos traz de volta a nós mesmos, ter uma criança por perto é como ter um mapa, na forma de espelho, às vezes quebrado… Enquanto nos convocam à presença, à verdade de nossas emoções, e
escancaram nossas falhas cotidianas, eles oferecem, ao mesmo tempo, esse olhar que restaura nossa integridade.

Assim, quanto mais inteiros e capazes de acolher nossa própria humanidade, nos aproximamos da possibilidade de amar uma criança por ser quem é, e não quem deveria ser.


A compaixão é esse perfume… como a própria respiração, na medida em que nos invade, se expande e então pode fazer parte de nós e do que entregamos ao mundo.

 

por Daniela Leal , psicóloga, terapeuta de Casais; coordenadora de grupos terapêuticos relacionados à maternidade, especialista do Instituto Aripe e está nos Cursos Jornada Terapêutica para Casais e Psicologia do Puerpério.

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Para profissionais que já trabalham com gestantes, parturientes e puérperas, estudantes das áreas de saúde; educação e ciências humanas, como formação complementar, já que é um tema quase nunca exposto nos cursos de graduação como conteúdo básico.

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