Por Nanda Perim
Não é só a amamentação que dói no começo, é a privação de sono, a nova adaptação, a nova vida.
Não é só a recuperação do parto que incomoda, mas os limites que precisamos traçar, os nãos que precisamos dizer, os favores que precisamos pedir. Quando tudo o que queríamos era silêncio e privacidade.
Não é só se acostumar ao novo bebê. Mas também à nova mulher que nos tornamos, aos novos relacionamentos que mudaram, ao sentimento extremamente forte e avassalador de ter aquele ser nos seus braços.
Não é só a amamentação que dói no começo.
É o medo do desconhecido, de perder aquele serzinho recém nascido. O medo do que vamos nos tornar.
Não é só a recuperação do parto que incomoda, mas também a recém adquirida sensação de que temos um pedaço de nós fora do corpo, o pedaço mais importante. Um pedaço que é tudo para nós.
Não é só se acostumar ao novo bebê, mas também se acostumar à dedicação exclusiva e integral.
(saiba mais em: “Puerpério dura muito tempo”)
Na qual nos desfazemos e nos despedaçamos pouco a pouco, noite à noite, mamada após mamada. Nos doando e nos entregando, sem pensar em nós. E incrivelmente mergulhadas naquele que acaba de causar tudo isso.
Não é só a privação de sono, mas a privação do que antes chamávamos de vida, de quem antes chamávamos de “eu”. E nos redescobrirmos nessa nova realidade!
É isso. É muito.
E, com o tempo, aprendemos tudo isso, e descobrimos que a situação não fica mais fácil, não melhora, quem melhora somos nós.
(Veja também: “Porque se conhecer no Puerpério”)
Nanda Perim | PsiMama