A família é uma entidade que nasce e renasce junto com o bebê.
Todos são recém nascidos, não só o bebê.
Todo mundo estréia, em uma nova função.
A avó, vira avó pela primeira vez ou é pela primeira vez avó de duas crianças.
O tio vai ser tio pela primeira vez, a madrinha etc…
Todo mundo se reinagura. Essa sensação de recomeço faz com que as pessoas se sintam com o direito de estarem mais próximas dessa mulher e dessa nova família, a partir da chegada de um filho. E esse “achar” que eu posso estar tem a ver com a cultura familiar.
A Cultura Familiar
No Brasil, como uma cultura latina de família, existe um hábito muito forte de que as avós, sobretudo as avós maternas venham para a casa das puérperas no início da sua maternidade para “ensinar” como se deve cuidar de um bebê.
Eu coloquei as aspas, porque essas aspas significam que muitas vezes existe um problema entre o que a cultura familiar diz e o que os processos de protagonismo feminino e de autonomia dessa jovem mãe, estão dizendo para ela sobre a lida com o seu filho.
Esse é um problemão que às vezes acontece dentro da casa da puérpera em um momento em que ela está tendo que se a ver com um monte de novas rotinas, com um monte de complexidades, absolutamente inéditas; que fazem com tudo fique ainda mais complexo.
Tem uma coisa que acontece com as famílias das puérperas, que são um monte de adultos digladiando pela posse do bebê.
E a mãe?
A mãe, às vezes mal tem condição de ficar com seu filho no braço, porque tem um monte de adultos querendo ficar com ele; ou um monte de adultos querendo visitar o bebê, visitar a puérpera.
As novas concepções sobre o puerpério, que vieram sobretudo nesse século XXI, estão questionando o papel da família nesse momento, mas isso é muito delicado. Porque a mulher puérpera precisa de apoio, ela não pode ficar sozinha.
Sempre que ela fica sozinha com seu bebê, e isso não é o desejo dela, ela está num momento precisando muito de ser apoiada nesse cuidado consigo e com o bebê, e estar só nessa tarefa causa muito sofrimento.
Então a gente realmente precisa da tal vila para criar uma criança.
Mas isso não quer dizer que tenha que ser necessariamente, como a família acha que a aquela mulher precisa ser apoiada no cuidado com seu filho.
Na maioria das vezes, a família entra com ideias muito rígidas de como cuidar de um bebê, daquele bebê, dos bebês daquela família. E isso contrasta com os processos de intimidade que a mãe vai construindo com seu filho, com o filho real.
A mãe precisa de tempo de qualidade e de quantidade de conexão com seu filho para realmente descobrir quem ele é. E desvanecendo as suas ilusões sobre aquele bebê ideal que estava na barriga dela ou que ela esperava, enquanto estava na fila de adoção.
De qualquer forma o debate sobre a presença da família no puerpério é um debate extenso.
por Alexandre Coimbra Amaral, psicólogo, terapeuta familiar e de casais; fundador do Instituto Aripe e está conduzindo o Curso de Psicologia do Puerpério.
O curso online “Psicologia do Puerpério” é para quem tem vontade de conhecer com profundidade, a psicologia perinatal, o processo emocional da mulher, do bebê, da díade formada entre a mãe e o seu filho, da família e das pessoas em torno da grande novidade que é o nascimento de um bebê.
Para profissionais que já trabalham com gestantes, parturientes e puérperas, estudantes das áreas de saúde; educação e ciências humanas, como formação complementar, já que é um tema quase nunca exposto nos cursos de graduação como conteúdo básico.
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