Puerpério Não é Depressão Pós-Parto

A nossa conversa de hoje é muito importante porque quero ajudar a desfazer uma confusão cultural. Muitas pessoas, inclusive profissionais de saúde, correlacionam puerpério com depressão pós-parto. E são coisas completamente diferentes.

O puerpério é um momento de reflexão profunda. De reconstrução da identidade, de introspecção, de exaustão e de desconhecimento de si. É aquele momento em que a mulher se olha no espelho e não se reconhece. Percebe que está se transformando em uma outra pessoa. Uma mãe com uma identidade forte e pronta para se refazer sempre no cuidado com esse bebê.

Porém , muita gente acha que esse fluxo emocional, que muitas vezes é confuso, perturbado e cheio de dúvidas, tem a ver com depressão pós-parto.

A diferença

Então, vamos diferenciar o puerpério da depressão pós-parto. Todo esse espectro de emoções do puerpério é normal. Todas as emoções humanas cabem nessa fase. Já a depressão pós-parto é uma patologia emocional mais grave. Que caracteriza-se pela perda da vitalidade e não necessariamente pela tristeza, como a maioria das pessoas dizem.

A depressão é como se fosse um carro com o tanque vazio. Sem gasolina, sem força para continuar o seu processo e o seu movimento, às vezes para realizar aquelas coisas das quais mais gostamos e vemos sentido em fazer. No caso do pós-parto, qual é a coisa mais importante, pungente, que faz sentido para a mulher? Cuidar e estar com o seu filho. Então, a depressão pós-parto é essa perda de vitalidade para estar em fusão com o seu bebê.

Em muitos momentos, o puerpério pode ser confundido com a depressão pós-parto. Sobretudo, aos olhos do marido e da família que está ao lado. Há uma expectativa de que aquela mulher seja forte o tempo inteiro. Que seja sempre uma leoa. E cuide do seu filho com muita tenacidade e força instintiva.

Porém, o que acontece de fato é que o amor e as habilidades de cuidado são uma construção permanente. E há momentos em que essa mulher vai realmente ficar em dúvida se consegue cuidar do seu filho. Esses momentos são absolutamente normais dentro dessa transformação puerperal.

Tristeza não é depressão

Às vezes, a depressão pós-parto  é confundida com esse processo natural de em alguns momentos sucumbir a um cansaço e a uma tristeza.

A depressão pós-parto tem tempo para se instalar e vai deixando cada vez mais clara a pungência  da sua força tenaz. Ela tira a força e a vitalidade da mulher de uma forma muita contundente. Não é uma questão de falta de força de vontade, como muitos imaginam. A depressão é uma doença que precisa ser vista por profissionais capacitados.

Nós temos contribuições e discussões dentro de uma prática mais humanizada do ponto de vista da medicalização da depressão. O interesse não é dopar essa mulher para retirá-la totalmente desse momento mais introspectivo que é importante para a constituição da sua identidade. Porém, em alguns momentos,  pode ser importante que ela seja medicada sim, para dar conta de sustentar a posição materna com o seu filho.

Descubra o que você está vivendo

Depressão pós-parto e puerpério são coisas muito diferentes. Provavelmente o que você está vivendo é um puerpério. Agora, se você está sentindo que os seus sinais são mais próximos de uma depressão, procure um profissional de saúde (psicólogo ou psiquiatra) que possa te dar um esclarecimento sobre isso.

Confie também no que você está sentindo sobre você. Durante todo esse processo da maternidade o que você está desenvolvendo é a conexão com as suas emoções para confiar no que você sente em relação ao seu filho. Isso é um pouco do mais essencial que você está vivendo depois que o seu filho nasceu, e se chama: construir a intimidade com o seu bebê.

Portanto, qualquer que seja o seu espaço, de um puerpério normal ou de uma depressão pós-parto, você está vivendo uma mudança bem profunda. Se você sente que está deprimida, procure um profissional capacitado que possa te auxiliar nesse momento. Se não, continue atenta a todos movimentos do seu puerpério, pois eles fazem parte da sua vida nesse momento tão profundo de transformação da sua identidade e da chegada desse bebê que está fazendo você se transformar em mãe.

por Alexandre Coimbra Amaral, psicólogo, terapeuta familiar e de casais; fundador do Instituto Aripe e está conduzindo o Curso de Psicologia do Puerpério.

O curso online “Psicologia do Puerpério” é para quem tem vontade de conhecer com profundidade, a psicologia perinatal, o processo emocional da mulher, do bebê, da díade formada entre a mãe e o seu filho, da família e das pessoas em torno da grande novidade que é o nascimento de um bebê.

Para profissionais que já trabalham com gestantes, parturientes e puérperas, estudantes das áreas de saúde; educação e ciências humanas, como formação complementar, já que é um tema quase nunca exposto nos cursos de graduação como conteúdo básico.

Saiba mais em: https://aripe.com.br/psicologia-puerperio/

O Instituto ARIPE é uma plataforma de cursos online de aperfeiçoamento e aprofundamento profissional de psicologia; cursos complementares e educação continuada a distância para psicólogas (EAD), psicanalistas, terapeutas individuais, psicoterapeutas, psicopedagogas e interessados pelos assuntos.

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Respostas de 12

  1. Vai passar. Vai passar.
    Mas pode passar melhor com o auxílio e a escuta de outras mulheres que estão vivendo o mesmo! Quem sabe um grupo de apoio na sua cidade, ou mesmo no Facebook, poderia lhe ajudar a se sentir melhor? Um abraço, Alexandre.

  2. Eu tenho um filho de 7 anos… meu parto foi muito complicado… 9 horas de processo de parto normal e por fim nasceu por cesárea.
    Desenvolvi a depressão pós parto, mas nunca mais fui a mesma e desde então faço uso de medicação…
    Descobri estou grávida novamente de 7 semana e estou em pânico… o jeito tirou a medicação e to tendo crises absurdas e com muito medo de acontecer tudo de novo!!!

  3. Oi Janaína vc está melhor.estou assim Agora minha bebé tem 40 dias e me bateu uma sensação ruim . Acho que cansaço ajuda também.

  4. Eu estou de repouso absoluto desde que descobri a gravidez. E todos esses sentimentos de achar que não dá conta. Que é muito difícil gerar um bebê devido a ameaça de aborto e achar que isso não é para mim eu já senti na gravidez. Gracas a deus faco terapia e minha psicologa me ajuda muito. Vira e mexe tenho um vazio e um emdo horrivel. Eu tenho síndrome do pânico e já tive depressao. Hoje em dia estou sem medicamento. Fico preocupada quando os hormônios caírem. Tenho medo do meu puerperio.Quero muito cuidar da minha bebê ela é tudo que eu quero é tudo que tenho!

  5. Meu bebê tem 1 ano. Tive depressão pós parto, síndrome do pânico e Tag… tudo junto.
    Faço tratamento psiquiátrico e psicológico.
    Tomo antidepressivos, ansioliticos, antipsicotico… estou a 3 meses bem… sem crises.
    Mas o mais importante é assumir a doença, não se culpar, aceitar ajuda e se colocar em primeiro lugar… pois somente uma mãe saudável consegue cuidar e amar seu filho.

  6. Raquel lê o viro A maternidade e o encontro com a própria sombra da laura gutman . Faço meus seus medos.

  7. Olá minha dúvida é !Minha irmã já tentou agredir a filha recém nascida as vezes rejeita a criança as vezes cuida de mais e não deixa ninguém chegar perto!Isso faz parte de uma depressão pós parto ?

  8. Olá Tainara! É interessante que ela busque apoio de algum profissional da área da Psicologia na cidade onde vocês moram, para que ela seja melhor acolhida e cuidada. Não dá para dizermos se é depressão pós-parto ou não, é preciso conhecer, conversar, entender o que se passa com ela especificamente. Mas, com certeza, algum nível de sofrimento ela está manifestando. Então, é ótimo que vocês busquem apoio. Abraços!

  9. Olá,fax três meses q minha bb nasceu, já tenho 3 BBS
    O que eu queria saber é se sentir falta de ar, insuficiência respiratória, e tontura, teria algo a ver com o puerpério?

    Pois de saúde eu estou bem.

  10. Olá Joele. Pode ser sim alguns sintomas emocionais que estão somatizando no seu corpo, o puerpério é um momento de muitas transformações e turbilhões emocionais. É importante que você busque a avaliação de algum médico e também de algum profissional da área da psicologia que possa te auxiliar nesse momento. Abraços!

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