De acordo com a teoria do apego, desenvolvida por John Bowlby e seus seguidores, há sempre duas tendências instintivas influenciando as ações da criança pequena. Cada uma delas se atualiza em um conjunto específico de comportamentos.
De um lado, estão os comportamentos de apego, por meio dos quais a criança procura manter-se perto da figura materna.
De outro lado, os comportamentos de exploração, que visam alargar o seu conhecimento do mundo, e implicam a necessidade de deslocar o foco da mãe para outros objetos.
Embora esses dois conjuntos de comportamento coexistam, eles são, portanto, conflitantes.
Mas o conflito entre a necessidade de se apegar e a necessidade de explorar só se torna de fato relevante quando o bebê adquire habilidades motoras que lhe permitem distanciar-se fisicamente de sua base protetora.
Quando aprende a engatinhar ou a andar, ele começa a realizar explorações no entorno e para isso se afasta voluntariamente da figura materna.
Porém, em geral, retorna imediatamente ao seu porto seguro logo que se percebe só. Isso ocorre porque, durante toda a primeira infância, o instinto do apego prepondera sobre o instinto de exploração.
A partir dos quatro anos de idade.
Quando o vínculo com a figura materna está (ou deveria estar) plenamente formado. Aí sim o sistema de apego começa a se tornar menos ativo; permitindo que a criança desenvolva um interesse mais abrangente pelo mundo.
Nessa fase, ela já está mais preparada física e cognitivamente para absorver estímulos que antes poderiam provocar alarme ou estresse.
Além disso, as próprias circunstâncias de sua vida já se tornaram relativamente familiares.
Isso não significa de modo algum que a criança se desapegue.
Ao contrário. Significa apenas que, nos primeiros anos: tendo cumprido a sua função de criar uma base segura para o desenvolvimento; o sistema de apego passa a atuar com menos amplitude e intensidade.”
por Cristiane Lasmar
Photo art: Elliana Allon