Mãe de três filhos e gestante do quarto, cada puerpério foi único e vivenciado de uma forma diferente. A sensação no primeiro puerpério foi de estranhamento, de não me identificar como mãe, de não haver um amor infinito por um ser que acabava de chegar. Quando fui sair do hospital pensava: “agora eu tenho que levar pra casa, e eu vou fazer o que com isso?”. Construir uma maternidade com a primeira filha foi encantador.
O segundo puerpério foi o mais difícil de todos, estou vivendo até agora. A primeira questão foi a relação da filha mais velha com a chegada do filho mais novo. Com a chegada do segundo filho ficava pensando como seria a relação com a mais velha. Era muito forte tentar manter a exclusividade com a primeira. Não me preocupava tanto com o segundo bebê… me organizava para que em todo tempo disponível ficasse com a mais velha, ser exclusivamente dela. No primeiro puerpério não sentia a solidão. Não tive tempo de vivenciar o processo de estar sozinha com um bebê em casa. Já no segundo esse processo foi muito intenso e angustiante, o que me fez buscar ajuda num grupo de pós-parto e a partir dele comecei a fazer parte de um grupo de mães. Esse momento foi muito importante! Estar com pessoas que vivenciavam o mesmo processo e estavam com as mesmas angústias foi tão marcante! Eu falo que ser mãe de três é mais fácil que ser mãe de dois e acho que tem tudo a ver com esse segundo pós-parto.
Com a chegada do terceiro filho, o pós-parto foi mais tranquilo, já havia uma interação maior entre os irmãos, o que me possibilitava ter mais tempo e disposição para cuidar do terceiro filho. O que veio de novo, foi que depois de determinado tempo passou a ser difícil lidar com algumas relações em grupo. Operacionalizar a integração de uma família de 3 filhos em diferentes ambientes foi difícil e isso me deixou pesarosa. O processo de não querer abrir mão da família junta e de perceber uma falta de aceitação desse grupo de crianças em alguns espaços que nós frequentávamos.
A divisão de carinhos quando você tem mais de um filho vai se tornando muito complexa. O amor multiplica, mas a atenção exigida por um filho ou outro é muito específica. Dá vontade de ser várias mães ao mesmo tempo para atender a cada ser de uma forma peculiar.