Costumo refletir bastante sobre a qualidade de presença em todas as relações e sobre o quanto necessitamos encontrar dentro da gente, um lugar de presença interna.
Um lugar que nos permite ouvir o nosso corpo, o que ele está dizendo e o que ele está precisando.
A mulher grávida, tem essa necessidade ainda mais amplificada. Especialmente; durante o parto, ela precisa estar alí, presente; ouvindo o próprio corpo e nós profissionais da saúde; precisamos tomar muito cuidado para não interferir nesse processo; não alterar o fluxo dessa escuta.
A escuta dela, que diz para ela o que o corpo dela está precisando fazer; enquanto autonomia e presença ativa.
Existe uma linha muito tênue entre o cuidado atento e a condução do parto; que não é nosso papel, estamos alí para atender o parto; para assistir o parto e auxiliar no que for preciso e não para conduzir todos os passos com técnicas.
Precisamos entender, reconhecer e respeitar que quem conduz o parto é a mulher.
Agora, como nós profissionais, podemos auxiliar a mulher a encontrar, reconhecer e validar essa presença interna, fazendo com que ela consiga conduzir o seu próprio parto?
Como podemos ajudar nessa experiência forte que é o parto, para que ele seja ainda mais transformador e mais empoderador?
E a resposta que encontro, é através da presença. A presença interna que possibilita a conexão com a presença do ourto.
Através da presença, conseguimos entender se alguma intervenção é realmente necessária, ou se a gente pode deixar o corpo da mulher fluir de acordo com que ela está sentindo, fluir de acordo com a conexão interna que ela tem com a sua fisiologia.
Todas as intervenções são maravilhosas quando necessárias, mas é também nosso papel não banaliza-las e quando a gente abre o nosso canal de escuta, isso fica muito claro.
Maíra Duarte – Terapeuta Ayurveda, doula e educadora perinatal.